Você realmente acredita que temos governabilidade na política de segurança do Rio?

Facções criminosas criam e recriam formas de dominar mais ainda a cidade

Por Ricardo Albuquerque em 07/04/2021 às 06:54:31

Integrantes do CV procurados

Talvez a única unanimidade na cidade do Rio de Janeiro seja a insegurança. Mesmo em tempo de Pandemia os meliantes não dão trégua e se você, eu, qualquer um fizer uma pequena pesquisa informal no seu círculo familiar ou de amizades, verá que o MEDO é a maior preocupação dos cariocas e fluminenses
A novidade, noticiada pelo jornal EXTRA é a intenção do traficante Wallace de Britto Trindade, conhecido como Lacoste (foto), chefe da fação TCP - Terceiro Comando Puro - , ou melhor, o objetivo, é criar em Madureira, na Zona Norte do Rio, uma espécie de cinturão, que será denominado de: Complexo de Jerusalém.

Possível expansão do TCP será uma tapa na cara das autoridades

Lacoste quer formar um bloco de favelas subjugadas à sua facção, aos moldes do que foi feito por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, que estabeleceu o chamado Complexo de Israel. A informação foi descoberta através de investigações da Polícia Civil o que demonstra claramente que Wallace, acusado de homicídio qualificado e associação para produção e tráfico, quer expandir seu controle na região.

Isso expõe, escancara, demonstra, joga na cara, ‘COSPE’ nos ternos, fardas de autoridades e corporações, a fragilidade do combate á marginalidade, tão inertes, sem condições de impedir o crescimento do poder paralelo na Cidade do Rio de Janeiro. Mas como eles chegaram a este ponto? Aqui deixo aberto aos meus grandes Mestres do Jornalismo e da comunicação que façam sua contribuição com a história que mostra a evolução da criminalidade no Rio. Porém fica claro que estes elementos se valeram do hiato, das falhas, da falta que o estado comente ao não oferecer o básico ao cidadão.

Nas redes sociais bandidos já comemoram o novo ‘empreendimento”

Quem não tem algum conhecido que more em favela, que não esteja próximo e não conheça as hostórias? Os “donos do Morro” provêm os moradores com remédios, alimentação, material escolar, gás e o que mais precisarem. Em troca cooptam os filhos, sobrinhos ao TRÁFICO de DROGAS e muitas vezes estÃO “juntinhos” ás filhas e sobrinhas. Já fiz reportagens sobre “os filhos do baile funk”, “os filhos do tráfico” e “os filhos da necessidade”, se é que me entendem...

Concluindo, a Polícia Civil monitora redes sociais onde criminosos postam prometendo a criação do Complexo de Jerusalém e ameaçando rivais. “Guerra avisada. Perde quem quer”, escreveu um. “A hora tá chegando, depois não digam que não avisei. Cerco sendo fechado”. “Complexo de Jerusalém em breve”, publicou outro.

Bandido burro? Vai vendo. Eles expandem seus negócios com novas “firmas”

Com estratégia e Inteligência, de acordo com as investigações, uma das táticas usadas por Lacoste, que controla o Complexo da Serrinha, em Madureira, é “arregimentar bandidos de quadrilha rival. A troca de facção é proposta com oferta de maior participação nos lucros do tráfico”. Viram? Bandido burro? Burro é quem acredita nisso, eles são uma FIRMA como gostam de falar.

Lacoste quer juntar seu complexo aos morros da Congonha, do Cajueiro e Vaz Lobo, dominados pela maior facção criminosa do Rio, o Comando Vermelho. Para isso, vem intensificando ataques às favelas. Ou seja, uma expansão, do mal, uma aquisição de outras firmas, do mal, para aumentar seu lucro e conglomerado, do mal. E você faz o quê? Cobra de seu Deputado ações? Enche de mensagens seu Senador por soluções? Não, prefere discutir qual o seu político é mais queridinho e as últimas do BBB....

*Lacoste, de 34 anos, está foragido desde 2007 e tem dez mandados de prisão em aberto. O Disque Denúncia oferece mil reais por informações sobre seu paradeiro.

  • Esta minha estreia no Blog, opinando sobre uma notícia dedico ao Mestre Jorge Luiz Lopes, ex-professor da Universidade Gama Filho e que conhece bem os meandros da história da marginalidade no Rio.

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