A roda gigante: Beijo de campeão em super-campeão tem vários simbolismos

O simbolismo da imagem do treinador Rogério Ceni beijando o goleiro Diego Alves, após a conquista da Supercopa do Brasil, traz várias reflexões. Então peço que reflitam comigo os questionamentos, que graças as redes sociais, muitas vezes tomam proporções fora do normal. A redenção do treinador? A redenção do goleiro? A instantaneidade da profissão? O julgamento diário de quem é figura pública? A constante má vontade e necessidade da torcida que homens sejam máquinas?
Eu respondo: todas são válidas. Porém uma é a mais clara de todas, e, passa por aqueles velhos provérbios que as nossas avós falam e são tão sábios: 'nada como um dia após o outro'.
Diego Alves foi de exaltado, goleiro campeão brasileiro e sul americano, a 'velho', 'acabado' e 'bichado'. Lesionado por um bom tempo - tendo jogado muitas vezes machucado, no limite da dor - ao negociar sua renovação, o goleiro foi simplesmente crucificado por pleitear um aumento.
Ora, ele pode? Pode! Ele merece? Para alguns torcedores e comentaristas/palpiteiros, não! Mas quem decide? Única e exclusivamente o contratante, ou seja, o Clube de Regatas do Flamengo.
E se você quer saber o palpite deste seu amigo jornalista/goleiro/palpiteiro, sim merece e muito! Por sua capacidade técnica, visão de jogo, liderança, experiência, maturidade e principalmente por qualidades mentais raras em goleiros brasileiros: concentração, foco, frieza e controle psicológico. E ao defender três pênaltis dando o título ao Flamengo, a diretoria mostrou que estava certa.

Mais de uma vez Ceni repetiu que no momento que tivesse tempo para trabalhar e todo elenco à disposição implantaria seus sistema de jogo. Teve tudo isso e o resultado surgiu

E o "novato" Rogério Ceni? O ex-super campeão de tudo que disputou, agora em nova função, chegou ao Flamengo no meio de uma tempestade de prolemas. Demissão de Domenéc Torrent, após tentar implementar um sistema de jogo que "embaralhou" o time na época. Diversos jogadores lesionados, outros convocados para as seleções de seu país e sem tempo para treinar. Improvisando jogadores em posições diferentes das suas de origem e tendo que ser obrigado a subir jogadores de 20,19 e até 18 anos para o profissional, Rogério foi massacrado. Mais uma vez os "especialistas formados em face e insta", destilavam seu ódio, pediam a saída de Ceni e apontavam soluções por vezes estapafúrdias (chegaram a pedir a volta de um técnico que dirigiu o Flamengo em 2009!)
Mas...CENI levou o Flamengo ao título de CAMPEÃO BRASILEIRO DE 2020 e agora Supercampeão. Mais de uma vez o campeão mundial pelo São Paulo repetiu que no momento que tivesse tempo para trabalhar, todo elenco à disposição e condições, começaria a implantar seus sistema de jogo. Teve tudo isso e o resultado surgiu.

No final estas histórias me fazem mais uma vez lembrar provérbios que ultrapassam os bancos das universidades, saltam sobre os intelectuais e mostram a verdade da vida. Como dizia um ex-chefe meu de época do extinto Banco Nacional, Francisco Carlos Castello Branco, "A vida é uma roda gigante, um dia você está em cima, no outro você está embaixo, saiba administrar". E o nosso eterno Rocky Balboa diz. "Na vida não importa o quanto você bate, mas sim o quanto aguenta apanhar e seguir em frente".